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Revitalização de Centros Históricos - Barcelona

OS PROJETOS URBANÍSTICOS DA CIDADE: PESQUISA DE REFERÊNCIAS GLOBAIS

A localização da Vila Olímpica na costa, sobre a via Marinha, tem uma clara intenção estratégica da cidade, pois abriria um importante eixo com um espaço constantemente renovado. Se a cidade de Barcelona não possuía terrenos disponíveis com capacidade suficiente para se construir 3.500 habitações, a vocação metropolitana das Olimpíadas, que se manifestava na distribuição das instalações esportivas em diversos municípios, facilitava o encontro de uma localização para a vila que não comprometesse as estruturas já existentes e não afetasse a infra-estrutura geral, como saneamento, ferrovias e rodovias.
Além da vila, o espaço dos jogos foi distribuído dentro do município de Barcelona em mais três áreas olímpicas. Nos três casos, ainda que de forma desigual e sem o alcance da Vila Olímpica, a localização foi proposta tendo em conta os efeitos regeneradores que poderia produzir nas áreas e no âmbito da cidade.
Em Montejuic, o objetivo era completar a urbanização da “montanha”, o mais importante parque urbano da cidade. Estas novas instalações deveriam reforçar seu papel funcional na cidade e a realização dos Jogos Olímpicos, sua significação no imaginário coletivo dos seus cidadãos.
Já no Vall d’Hebron, a idéia foi inverter o processo de construção de um tecido periférico que ia ocupando lugar. O planejamento urbano nesta área caracterizou-se pelo modelo vanguardista que propunha novas diretrizes e que testava novos materiais para o tratamento do espaço público. A inclusão de novas construções e a provisão de diversas esculturas, bem localizadas nos novos espaços urbanos, constituíam um claro exemplo de integração de uma periferia por meio de ações que podem ser incluídas no conceito de monumentalização.

Os Projetos Urbanísticos Metropolitanos

O programa das instituições metropolitanas dos parques urbanos, inicialmente denominado parques metropolitanos pelo desconhecimento de qual era o órgão atuante, inscreve-se literalmente no objetivo de se monumentalizar a periferia, no sentido daquelas áreas urbanas que nunca alcançaram a qualidade que corresponde a este qualificativo. A ação da CMB (falta especificação da sigla) na questão dos parques é voltada para a distribuição dos parques de escala urbana no espaço não “barcelonês” da área metropolitana, com a clara intenção de estender o objetivo monumentalizador para toda a periferia do território metropolitano.

Restauração e Melhoria das Edificações Urbanas

A preservação do Eixample como exemplo da arquitetura da cidade foi outro alvo da lei municipal. Ela faz grandes restrições à demolição no setor conservado e, por meio da criação de um órgão consultivo, tem como objetivo conhecer e informar sobre as diversas intervenções que afetam o espaço. Por conta de sua composição, esta comissão é ponto de encontro da sociedade civil envolvida na arquitetura e no mercado imobiliário.
O projeto arquitetônico dá forma ao volume regulado pelo planejamento urbano. Assim, a qualidade da cidade não depende somente do planejamento urbano, mas também da arquitetura. No entanto, da mesma forma que a administração pública tem plena responsabilidade no planejamento urbano, a arquitetura – exceto nos prédios públicos – é, majoritariamente, de responsabilidade dos operadores privados. Promotores, arquitetos e usuários são os responsáveis, em conjunto, pela arquitetura que define o volume urbano contido no espaço público.
Não podemos esquecer que a arquitetura é um componente substancial do projeto de cidade e que, por isso, o conselho deve definir uma meta de melhoria da qualidade arquitetônica dos edifícios urbanos. Isso é feito, em primeiro lugar, com a preservação da valiosa herança arquitetônica. Para este fim, as normas gerais para a preservação do legado histórico-artístico da cidade de Barcelona foram elaboradas e aprovadas. Elas contém uma lista de prédios submetidos a diversos graus de proteção. Eixample é reconhecida, por essas normas, como lugar a ser protegido.
É necessário mencionar um tipo de ação que é difícil de regular e que tem de ser usada com prudência: convencer os incorporadores imobiliários a trabalharem com bons arquitetos. E, conseqüentemente, a melhoria da qualidade da arquitetura de promoção pública.
Os edifícios promovidos pela administração pública – não importa se para instalações ou para habitação – também fazem parte do tecido construído. A arquitetura dos prédios públicos tem um papel exemplificador e a arquitetura pública – em especial a promovida pelo Conselho da Cidade – tem mantido um alto grau de qualidade.
A maior parte das habitações promovidas pelo poder público vieram em substituição aos antigos polígonos residenciais - Baró de Viver, Eduard Aunós, Vivendes del Governador. O restante das ações que complementam ou se integram nos tecidos estabelecidos da cidade não puderam alcançar, no âmbito global, uma repercussão quantitativa importante, principalmente pela escassez de terrenos disponíveis.

 

A reciclagem do Espaço Urbano: projetos de transformações urbanas depois de 1992

Setores Industriais

Cabe mencionar um projeto, ainda não completamente formulado, que visa a renovação dos setores industriais que estão integrados na trama urbana de Barcelona. Estas áreas, em especial as de Pobleneu, têm sofrido um processo de perda de atividade. Atualmente se mantêm graças a uma expectativa do aumento de preços dos terrenos para uso urbano com maior demanda: a habitação.
A configuração dos setores industriais pela rede de ruas desenhadas por Cerda facilita o processo de evolução por ilhas ou por parcelas de extensão limitada. O objetivo do projeto em estudo é facilitar a transformação gradual para uma composição mista, na qual as atividades econômicas continuariam a ocupar uma proporção majoritária do espaço, mas sem a exclusão de residências.
A chave está em encontrar um ponto de equilíbrio que favoreça as atuações de renovação sem que a nova dinâmica leve ao deslocamento das atividades mais débeis e dos habitantes mais desfavorecidos.
Este processo de renovação urbana pode ser mais interessante que os outros projetos comentados. A inexistência de uma imagem final formalizada para além da rede de ruas proporciona ao processo uma abertura que pode favorecer uma renovação tipológica e gerar um tecido urbano inovador e complexo. Em conjunto, vemos projetos com diferentes origens, diferentes lógicas de gestão e diferentes horizontes temporais, mas que fazem parte dos objetivos que a cidade vem perseguindo desde 1992.
Há um alto grau de participação privada nos processos de transformação, que, em conjunto, resultaram numa reciclagem no solo da cidade de mais de 500 hectares, o que representa em torno de 8% da área urbana da cidade. Do mesmo modo, estes projetos prevêem a construção de mais 16.000 novas residências – sem contabilizar aquelas que estão envolvidas na reorientação dos atuais setores industriais. Pelo menos 25% devem ser residências de preço acessível, como assinala as especificações dos planos urbanos correspondentes.
Estes são objetivos que, a despeito da vontade de valorizar a periferia e melhorar o centro, serão somados à vontade de obter do espaço de Barcelona todo rendimento social, econômico e cultural que corresponda à sua posição no território metropolitano.


 

 

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