COMO O PAISAGISMO RECUPEROU ÁREAS ABANDONADAS: O EXEMPLO DE PICCADILLY GARDENS E DUISBURG-NORD LANDSCAPE PARK

Piccadilly Gardens
Manchester, Inglaterra 1998-2002.

O Piccadilly Gardens, tradicional coração de Manchester e um dos poucos espaços verdes da cidade, havia se tornado uma terra-de-ninguém, descaracterizado e decadente.

A prefeitura escalou os escritórios de arquitetura ARUP e EDAW para redesenhar completamente Piccadilly como um parque urbano moderno medindo 54.632m² que serviria como o principal espaço público da cidade. Piccadilly Gardens representa um novo ponto de encontro e entretenimento, com uma estrutura atraente e acessível, próxima das redes de transporte.

Os principais elementos do novo desenho criam um espaço que é aberto, iluminado e flexível: um amplo gramado central, uma fonte monumental, um pavilhão, e mudanças nas linhas adjacentes de ônibus elétricos e avenidas.

Um dos caminhos principais para pedestres atravessa o gramado, conectando partes opostas do parque. Os eixos curvos do caminho refletem a geometria minimalista do pavilhão desenhado pelo premiado arquiteto japonês Tadao Ando, que abriga um café e um centro de informações.

Em uma área do parque, avenidas e linhas desnecessárias de ônibus foram substituídas por uma nova pavimentação, bancos e árvores, estendendo o parque de forma efetiva até a borda dos edifícios ao redor.
Duisburg-Nord Landscape Park
Rhur, Alemanha

Na populosa região do Rhur, oeste da Alemanha, o parque aproveitou todas as construções remanescentes da antiga siderúrgica Thyssen que ali funcionava.
Das pontes, depósitos vazios e casas de máquinas aos tanques de gás e ao traçado da antiga linha de trens, tudo foi preservado e integrado ao novo parque, de 2,3 milhões de metros quadrados (o Ibirapuera tem 1,6 milhão).

Ao invés de tentar apagar o passado, o arquiteto e paisagista alemão Peter Latz reconheceu que a combinação da indústria com a natureza resulta em uma experiência rica em memórias, associações e sentimentos.

O plano geral de Latz é baseado na infraestrutura existente na área, como a rede de linhas de trens, que dá coerência ao sistema de caminhos do parque. Tudo é transformado, a partir de sua função inicial, em traços paisagísticos, incorporados como monumentos que propiciam novas atividades na área e relembram sua história.

Novos caminhos e passarelas, combinados com os antigos, permitem que se experiencie a área a partir de níveis variados. Esses caminhos e as ciclovias conectam as recém-criadas praças, jardins e áreas recreativas.

O canal é outro elemento-chave da concepção de Latz para o parque. Antigamente contaminado pela passagem de esgoto (já selada e realocada), o canal juntamente com o sistema de retenção de água, proporciona prazer estético e simboliza uma solução ambiental.