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Habitação Popular
MODELOS E CAMINHOS PARA A REABILITAÇÃO DE BAIRROS

Vista do distrito residencial de Mõisavahe em Tartu. (foto de A. Maasik)

Interesses têm surgido e se intensificado na Europa nos últimos anos no que se refere a áreas residenciais desenvolvidas depois da guerra. Uma vez que isso remete a grandes espaços que toda cidade quer usar racionalmente, a um volume gigante de construções que vão perdurar por décadas, e a infra-estruturas muito desenvolvidas, a liquidação das mesmas não é economicamente justificável. Em partes, uma vez que espaço para construir habitações está numa fase de extinção, novas idéias estão sendo procuradas para responder à questão: como promover a qualidade destas áreas residenciais e fazê-las funcionais? Como deveriam ser desenvolvidos projetos de renovação e desenvolvimento?

Diversas abordagens foram experimentadas em diferentes países. Há duas primordiais: Se a área se degenerou por completo, se apartamentos foram abandonados, somente as pessoas excluídas socialmente vivem ali e a criminalidade é desenfreada, então não há recursos ou incentivos que transforme aquele distrito da cidade em um ambiente bem planejado e com qualidade de vida. Neste tipo de situação tem sido provado ser mais prático simplesmente demolir a área e desenvolvê-la em uma nova forma. Ao contrário, há outra abordagem que defende ser possível regenerar a área, o que significa a renovação de edifícios, espaços públicos e propriedades, além de um trabalho social sério com os residentes da área.

A área residencial de Ballymun em Dublin é um exemplo claro de como os edifícios de uma área degradada são demolidos e substituídos por uma nova estrutura. A cidade-satélite de Ballymun foi construída nos anos 60 com aproximadamente 3000 apartamentos e 14.000 residentes, com a função de resolver rapidamente a crise de moradia local. Políticos tinham que decidir rapidamente. Um esquema modernista para construção urbana foi selecionado, apesar do fato da escolha desse caminho ter trazido repercussões sérias na Europa. Em cinco anos, 400 habitações padronizadas foram construídas. Não foi completa porém, a construção da infra-estrutura social e de serviços.

A criação de meras áreas residenciais, onde viviam predominantemente classes sociais mais baixas, sem qualquer tipo de bem-estar social fora do apartamento de cada um, rapidamente causou a degeneração da área toda. Impasses fortes surgiram entre os residentes e os criadores e administradores da área, o que levou ao declínio físico dos edifícios e ao isolamento social dos residentes. Uma empreitada da Cidade de Dublin chamada Ballymun Regeneration Ltda. (BRL) foi criada em 1997 e começou a desenvolver a área.

As renovações física, econômica e social da região foram estipuladas como o objetivo da empreitada, incluindo habitação para 30.000 pessoas. Foi decidido que todos os edifícios com muitos pavimentos seriam demolidos, uma vez que todas as análises sócio-econômicas realizadas confirmaram que a renovação destes edifícios não produziria os resultados desejados para melhorar a área. Apenas 20% das construções seriam mantidas intactas. Ao invés de edifícios de muitos apartamentos, seriam construídos prédios baixos e densos, ou uma fileira de casas. Ruas e casas com pequenos jardins fazem parte do projeto.

O desenvolvimento toma tempo, e a situação da desigualdade social oprime os dois grupos: alguns já estão em novas habitações, vivendo muito melhor que os outros que ainda vivem nos velhos edifícios de placas de concreto. O centro da pequena cidade, um espaço de arte e um centro de esportes e recreação, porém, já foram construídos. Centros de convivência da vizinhança e três grandes parques estão ganhando vida. Uma nova imagem e identidade estão sendo criadas baseadas na atmosfera histórica da região.

Um exemplo contrário é o distrito residencial Ishøjs em Holmen-Vejlåparken, que fica cerca de 20 quilômetros de Copenhagen. Este projeto de habitação popular, planejado para 5000 habitantes, foi construído nas décadas de 50 e 60 para promover espaço de qualidade de vida para as pessoas de favelas do centro decadente. O Estado subsidiou a construção inteira do projeto, visando encontrar rapidamente uma solução social para os problemas emergentes. Hoje a necessidade de reinterpretação da área inteira surgiu. O processo de renovação dos edifícios e de aluguel para famílias jovens e imigrantes começou. A arquitetura externa, a estrutura de apartamentos individuais e o jardim entre os edifícios foram todos modificados. Estes apartamentos renovados vão certamente ser utilizados de forma a solucionar o déficit de moradias atual, causado pelo alto padrão de vida em Denmark.

Trabalho de renovação nos edifícios e espaços públicos de Holmen-Vejlåparken. (foto T. Laigu)

Exemplos da antiga Berlim oriental são antes construtivos que destrutivos. Berlim está evoluindo desigualmente. No distrito Marzahn-Hellersdorf, 250.000 pessoas vivem em habitações padronizadas, numa área que cobre aproximadamente 60 km². Este distrito foi construído para resolver a crise de habitação causada pelos estragos da Guerra, e pelas movimentações de residentes do campo para a cidade. A indústria da construção planejou a ocupação de grandes extensões de terra próximas de Berlim, o que incluiu diversas vilas pequenas, com casas-padrão em um curto espaço de tempo. O projeto central de distribuição de moradias permitiu que pessoas de diferentes grupos sociais morassem próximas, garantindo uma maior mistura social.

 

Novos edifícios baixos e densos, construídos de velhos elementos de concreto armado no distrito residencial de Marzahn. (fotos de T. Laigu)

 

Edifícios residenciais revitalizados de Hellersdorf, onde grandes objetos foram inseridos para contribuir com a criação da identidade local.

A queda do Muro de Berlim, em 1989, significou uma explosão dos distritos residenciais da antiga Berlim Oriental. Milhares de pessoas deixaram seus apartamentos em edifícios de blocos de concreto, e se mudaram para a antiga Berlim Ocidental, ou para o oeste da Alemanha. A mesma coisa aconteceu em outras cidades do leste do país. O que deveria ser feito com apartamentos abandonados? Painéis de concreto armado são materiais de construção bons e úteis. Foi aí que engenheiros civis alemães surgiram com a idéia de construção conservacionista: desmantelar edifícios vagos e construir uma nova cidade densa e baixa, usando os mesmos elementos, e portanto, comprimindo os espaços abertos que separam os edifícios restantes. Contudo, o resultado é uma nova estrutura volumosa e desajeitada.

Que caminho deveria ser escolhido para a Estônia, demolição ou renovação? Há grandes quantidades de edifícios residenciais de blocos de concreto no país. O distrito de Lasnamäe de Tallinn, com seus 110.000 habitantes, abriga um número destes edifícios maior que a média. O exemplo de Tapiola e Alvar Aalto foi seguido no planejamento de Mustamäe. Outros distritos como Väike-Õismäe, Lasnamäe e Anne em Tartu, porém, tem um conceito independente muito claro de construção urbana baseada num modelo de cidade ideal concêntrico, linear ou orgânico. Estes três distritos são completos em sua totalidade e foram construídos em áreas previamente vagas, onde se encontram muito bem acomodados. Não há necessidade de demolição dessas áreas. Nesse caso, é suficiente renovar os edifícios e o espaço público.

 

Vista do desenvolvimento da residência em Väike-Õismäe. (foto de A. Maasik)

 

Vista do distrito residencial de Keldrimäe.
O distrito de Lasnamäe está na distância do horizonte.
(foto de A. Maasik)

Um distrito residencial que é um fracasso em termos de construção urbana é Keldrimäe em Tallinn, onde uma contradição entre os princípios de planejamento e a estrutura urbana já existente prevalece. Aqui o planejamento livre foi somado aos quarteirões existentes anteriormente na cidade, e como conseqüência, tem-se um conflito no distrito que foi previsto já no estágio do planejamento.

O grande potencial da região de Keldrimäe deve ainda ser percebido. Em um período de 20 anos, Keldrimäe será um dos distritos residenciais mais desejados em Tallinn porque é imediatamente adjacente a seu núcleo central. Por enquanto, edifícios residenciais de blocos de concreto foram demolidos e no lugar deles, edifícios com pátios internos de áreas verdes foram erguidos em torno de seu perímetro. Negócios, lojas e cafés ocupam os primeiros espaços, e diversos parques urbanos foram criados. Como conseqüência da mudança dos residentes dos edifícios de blocos de concreto para as novas habitações, e do crescimento do investimento no local, o valor imobiliário e a qualidade de vida da região foram desbalanceados.

Idéias na Estônia tratando de construção urbana tendem a tratar de renovação. Novos donos e construtoras estão melhorando edifícios existentes. Alguns políticos pretenderam influenciar o bem-estar destes distritos, onde a maior parte de seu eleitorado de fato vive, mas tiveram relativamente pouco sucesso. E o único novo projeto de construção em áreas residenciais formadas por blocos de concreto que foi completo até agora, é o projeto de habitação popular nas ruas Loometsa e Alvari em Lasnamäe, que foi construído pelo governo municipal e intitulado Projeto “5000 Novas Habitações em Tallinn”. Os edifícios foram finalizados em 2004 e seus autores são Peeter Pere e Urmas Muru. O projeto inteiro é metafísico num senso arquitetônico, onde um único grupo de edifícios, com um pátio interno, está situado no centro de um espaço vago e priva o observador do poder de imaginar uma cidade completa na região.

Projeto de habitação popular criado por P. Pere and U. Muru in Lasnamäe.


O projeto em curso criado por estudantes do 5º ano da Academia Estoniana de Arte, intitulado “Renovação Urbana em Lasnamäe”.
(Sander Aas, Ülo-Tarmo Stöör, Margit Kärner, Villu cheler, Marju Tammik)

O concurso de arquitetura “Uma Cidade de Pedra é também um Ambiente Vivo” em Mustamäe em Tallinn e Anne em Tartu, organizada em 2003, expressou o interesse do setor público em promover a qualidade de vida em áreas de edifícios residenciais de blocos de concreto. Os vencedores do concurso, arquitetos Indre Järve e Tiit Sild criaram uma entrada pela qual reinterpretaram um pátio interno existente em Mustamäe, com um caminho de exercícios, repleto de espaços verdes, nova iluminação e nova paisagem. O espaço público nas áreas residenciais de blocos de concreto foi também considerado pelo projeto “Modelos Habitacionais de Bairros” (NEHOM) em 2003-2004 fundado pela União Européia, no qual não foram incluídos arquitetos.

A entrada vencedora do concurso “Uma Cidade de Pedra é também um Ambiente Vivo” posicionou edifícios com uma função pública no meio da área em desenvolvimento, com o objetivo de ativar e envolver a população.

É incerto o que será destes distritos residenciais. Atualmente, o foco está em encontrar idéias construtivas possíveis de serem realizadas. Estudantes da Academia Estoniana de Arte também tratam dos distritos. O tema é discutido nos governos municipais. Outras pessoas mais interadas fazem filmes e escrevem livros a respeito. As soluções aparentemente surgem gradualmente, de acordo com o amadurecimento da sociedade. O que fica claro é que nas condições de hoje, já não é possível para a Estônia alcançar a grande concentração de verbas na construção de edifícios residenciais populares como foi oferecido pelo regime totalitário soviético.

Tartu, Anne e Fortuuna St. Tõnu Laigu

Texto na íntegra em:
http://www.ehituskunst.ee/en/12/4142/tonu_laigu_fruits_o

Tradução e adaptação livre da Secretaria Municipal de Relações Internacionais

 

 

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