David Mangin expõe na Aula SP os desafios e contradições nas megalópoles

 
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28/10/2014

 

O arquiteto-urbanista francês David Mangin, professor na École d’Architecture de la Ville et des Territoires de Marne-la-Vallée e da École des Ponts et Chaussées, apresentou, na última sexta-feira (24/11), “Os desafios e contradições do planejamento das megalópoles – O exemplo da Grande Paris”, durante a Aula São Paulo realizada na Faculdade Presbiteriana Mackenzie.


A Aula SP é um Programa de Gestão de Conhecimento coordenado pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (Emplasa) com o apoio da Assessoria de Relações Internacionais do Governo do Estado de São Paulo. A mesa do painel foi composta, além de David Mangin, pela diretora de Planejamento da Emplasa, Rovena Negreiros, e pelo professor Valter Caldana, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie.


Em sua palestra, David Mangin contou a experiência de planejamento que vem sendo desenvolvida desde 2008 em Paris, capital francesa, pelo governo em conjunto com arquitetos, urbanistas e demais setores da sociedade parisiense. Só a Grande Paris tem 12 milhões de habitantes. Considerando a megalópole, esse número sobe para 20 milhões de pessoas.


O plano desenvolvido para a região identificou que os altos preços dos imóveis distanciava das pessoas a oportunidade de se mudarem para lugares melhores e que muitas delas sequer conheciam outras regiões. Com isso, foi preciso pensar na periferia e em seu desenvolvimento, no tempo que as pessoas gastam no transporte público para atravessar a megalópole, afetando a economia e a mobilidade da cidade.


Cidade compacta
Metade dos franceses trabalha perto de casa, porém, segundo o urbanista, deve haver preocupação com essa outra metade que vive em áreas afastadas. O plano previu uma redistribuição dos setores econômicos, além da criação de um circuito de descentralização de transporte. Novas estações foram criadas nas periferias para evitar a necessidade obrigatória de fluxo de pessoas pelo centro.


Mangin ressaltou a importância do Rio Sena para Paris. “Nós temos os pés dentro da água”, disse, ao abordar o importante papel do Rio no transporte de cargas e pessoas durante a Idade Média. A construção de monumentos ao longo de suas margens foi e continua sendo um fator determinante no processo de urbanização da cidade. Fazendo um contraponto com São Paulo, Mangin apresentou Paris como uma cidade compacta: “As casas têm poucos metros quadrados e muitas pessoas utilizam suas garagens como alternativa para ampliar espaços”. Ele destacou, ainda, o centro preservado de Paris, que restringe a 50 metros a verticalização dos edifícios. A exceção é o bairro de Montparnasse, que abriga o centro. 


O projeto parisiense prevê, também, um sistema viário em que há circuitos como alternativas de trajetos, a exemplo do Rodoanel utilizado em São Paulo. "Aproximar as pessoas do trabalho deve ser a prioridade, até mesmo em relação ao transporte que leva ao centro", defende Mangin. Paris tem um tecido forte em transporte sobre trilhos ligado em “macroilhas”.


Fundiário Invisível
O urbanista também falou do chamado “Fundiário Invisível”, bairros que se encontram em péssimo estado de conservação, o que foi formando uma “segregação” em relação à periferia oeste e ao centro de Paris, devido ao alto preço imobiliário.  Abordou, também, as dificuldades da governança de uma grande cidade, problemas semelhantes aos de qualquer outra, como São Paulo, porém, distintos em seus aspectos técnicos (estradas, transportes, entre outros) e a dificuldade de coordenar concomitantemente.

Para o francês, às vezes, a parceira entre o público-público é mais complexa que a parceria público-privada. Outro ponto importante para as megalópoles é a manutenção de grandes corporações do cenário mundial: "A economia também é uma importante ferramenta de desenvolvimento das cidades". Mangin defende a concentração da atividade econômica como prioridade na "era da cidade globalizada" e ressalta a importância de sua proposição provocadora de adensar e edificar.